Não queima teu filme
- Equipe Fácil Metodologia
- 9 de dez. de 2020
- 2 min de leitura
As revistas predatórias (predatory journals) são àquelas interessadas em tudo, menos na ciência! São conhecidas como periódicos “pagou, publicou”, mesmo que o artigo não faça qualquer sentido.

Ás vezes, com o propósito de escancarar a má índole desse tipo de revista, que vão na contramão do conhecimento científico de qualidade, pesquisadores submetem para esses periódicos artigos sem qualquer nexo. E eles são ACEITOS! Um notável exemplo é o recente estudo Cyllage City COVID-19 Outbreak Linked to Zubat Consumption (o artigo, vejam só, descreve que o vírus da COVID é transmitido por um Pókemon!).
Essa e muitas outras “gafes científicas” ocorrem, pois geralmente as revistas predatórias não conduzem o processo de revisão por pares, onde outros pesquisadores avaliam a qualidade do estudo submetido. Nelas, como já mencionado, pagou, publicou! Eu acrescentaria: pagou, publicou, e para tua carreira... de nada adiantou! Assim sendo, publicar nesse tipo de revista que não possui nenhuma credibilidade pega muito (MUITO MESMO!) mal para o teu currículo, seja para entrar em programa de pós-graduação como estudante, ou para se candidatar a alguma vaga de professor/pesquisador.
Ok, mas como eu identifico se a revista é predatória ou não? Bom, recentemente eu escrevi um e-book sobre isso (e muitas outras coisas relacionadas à publicação científica). Nele, há muita informação interessante para os entrantes e para os com alguma experiência na escrita científica. Contudo, destaco algumas dicas aqui também:
1 – Analise a editora da revista. Se estiver vinculada a grandes editoras (Elsevier, Springer, Wiley, Taylor e Francis, Emerald, entre outras desse calibre), vai fundo! A revista preza pela boa ciência, e essas editoras são reconhecidas por isso.
2 – Analise onde a revista está indexada. Se estiver na Web of Science, Scopus, e Scielo, por exemplo, há altas chances de ser uma revista séria. Contudo, exceções existem.
3 – Veja quem é que está publicando na revista em questão. Se são pesquisadores conhecidos e renomados da tua área, provavelmente a revista preza pelo rigor científico.
4 – Desconfie daquelas propostas que recebes por e-mail, de revistas que não possuem domínio próprio no seu endereço eletrônico (usam, por exemplo, o @gmail, @outlook, e @hotmail). Geralmente, revistas sérias: i) não mandam e-mails periodicamente solicitando a submissão de artigos, ii) não oferecem descontos para a submissão/publicação (em boa parte delas o autor não precisar pagar para tanto, contudo existem exceções, como a renomada PlosOne), iii) geralmente, as revistas que prezam pelo rigor científico possuem endereço de e-mail da editora ou da própria revista.
5 – Verifique a lista de Beall: https://beallslist.net/ Essa lista é famosa por ser uma espécie de buscador de editoras e revistas consideradas predatórias.
Além de ter um artigo em uma revista com baixa credibilidade, teu esforço científico tenderá a ficar à margem do debate científico sério (mesmo que os achados do artigo sejam muito importantes), visto que, os pesquisadores mais atentos, não pesquisam nessas revistas.
Após escrever esse texto, a mensagem que gostaria de deixar é: valorize teu esforço, não jogue teu trabalho fora e desconfie se a esmola é grande! Tenha cuidado ao receber e-mails “pomposos” com um convite deslumbrante para publicação. Em caso de dúvidas, revise esse post, e se elas persistirem, converse com um pesquisador mais experiente.
Autor: Cristian R. Foguesatto
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