A famosa triangulação

Certamente você já leu ou ouviu falar no processo de triangulação!

Este conceito foi originalmente usado pelos navegadores e vem da ideia de que a determinação da posição de um navio no oceano é dada pela posição de três estrelas no céu (Stake, 1995).

Em pesquisa científica, a triangulação de dados (existem outras formas, como a triangulação de pesquisadores ou teorias...) é um PROCEDIMENTO que se relaciona com o uso de fontes diferentes de dados.

O uso de diferentes fontes pode ser utilizado para confirma um achado e, assim, reduzir os vieses da coleta, dando robustez aos resultados. Assim, é uma forma de validar os dados, mas também pode ser de enriquecer os resultados, quando diversas fontes de dados trazem aspectos diferentes em relação à questão pesquisada.

Tá, daí vocês vão nos dizer: - Ok, achei legal, mas ainda não estou entendendo isso!

Lembram do Joãozinho? Pois é, ele também estava achando tudo muito complicado. Então um amigo dele, o Pedrinho, que havia feito a disciplina de metodologia qualitativa com a Kadígia e a Bibiana, explicou:

Cara, é simples. Pensa que tu tá fazendo um churras. Tu preparou tudo, comprou aquela picanha, a faca tava afiada, o fogo pegou que foi uma beleza, mas tu tava morrendo de medo se ia acerta o ponto da picanha. O primeiro pedaço que tu serviu para a sogrinha, resultou no comentário:

- Bah! Mas tá uma maravilha esta carne, vermelhinha, suculenta. Meu genrinho é o melhor.

Tu ficou feliz, afinal, para impressionar, tinha passado a semana vendo vídeos sobre o ponto da picanha que diziam que tinha que ter um sanguinho, mas mesmo assim tava com medo do sogrão. Então, antes de servir o pedaço dele, tu serviu a patroa, claro, que exclamou:

- Mas que delícia, tá perfeita, mal passada como eu gosto.

Com três fontes de dados que diziam a mesma coisa, tu estufou o peito e foi lá, serviu o barbudo de bombacha. E não é que o sogrão disse:

- Mas oh galo véio hein! Achei que tu ia me servir uma sola de sapato e tu acertou. Semana que vem vamos ver se tu acerta um costelão.

Na pesquisa científica, funciona quase da mesma forma! Para comprovar um determinado achado você pode usar, por exemplo:

1 – Um trecho de uma fala, proveniente de entrevistas;

2 – Uma ata ou outro tipo de documento que contenha as informações que comprovem aquela determinada fala e;

3 – Anotações resultantes da observação do fenômeno que você está estudando.

Neste sentido, a triangulação de dados é normalmente usada em três situações distintas, conforme Flick (2013):

a) Convergência de resultados (quando os dados de diferentes fontes são usados para confirmar uns aos outros);

b) complementação (as diferentes fontes trazem aspectos diferentes da questão de pesquisa, resultando em um quadro mais amplo da realidade investigada); e

c) Divergência e contradição (os dados de uma fonte podem ser distintos daqueles coletados em outra, o que exige outra fonte para verificação dos motivos que estão por trás da contradição).

Referências:

FLICK, U. Introdução à metodologia de pesquisa. Porto Alegre: Penso, 2013.

STAKE, R. The Art of Case Study Research. 1995.

Autora: Bibiana Volkmer Martins e Kadígia Faccin